Internacional – Óleos lubrificantes na indústria alimentar

As linhas de produção nas indústrias de processamento de bens alimentares são compostas por sistemas de motores, engrenagens, bombas, transportadores, misturadores e outros equipamentos que necessitam de estar devidamente lubrificados para garantir uma operacionalização correta.

Os óleos lubrificantes utilizados na indústria alimentar têm como função a proteção contra a corrosão dos equipamentos e a redução do atrito e do desgaste, devendo suportar variações de temperatura. A indústria procura continuamente soluções que protejam os equipamentos e atendam ao potencial de contacto com a água, o pó e minimizem o crescimento de bactérias e fungos, bem como atentem à eliminação do potencial de contaminação dos alimentos.

Dada o enquadramento da indústria alimentar e a ligação direta com a saúde humana, os óleos lubrificantes utilizados estão sujeitos ao cumprimento de regras bastante rígidas. Em particular, é de extrema importância garantir que os lubrificantes, graxas e óleos são seguros se entrarem em contacto com os alimentos.

As preocupações adensam-se quando se fala em hidrocarbonetos aromáticos e saturados dos óleos minerais e os seus efeitos na saúde pública. Neste contexto, em 1944, foi criada a NSF International, uma organização independente, que entre outras responsabilidades avalia e monitoriza os óleos lubrificantes destinados a utilização na indústria alimentar. Há três códigos que se destinam a denominar as possíveis utilizações dos óleos lubrificantes na indústria alimentar:

  • H1 – os óleos lubrificantes nesta categoria são feitos para utilizações em que pode ocorrer o contacto acidental indireto com alimentos;
  • H2 – óleos lubrificantes que não podem entrar em contacto com os alimentos, sendo normalmente utilizados em motores que se encontram encapsulados;
  • H3 – lubrificantes solúveis tipicamente usados para proteger os componentes contra a ferrugem e que são seguros para utilizar em superfícies que entram em contacto com os alimentos (como em tapetes rolantes).

Anualmente, a NSF International realiza mais de 227 mil auditorias para verificar se os padrões de segurança são cumpridos no que diz respeito aos óleos utilizados na indústria alimentar. Segundo Orsi Dezsi, responsável pelo departamento dos materiais e serviços alimentares da NSF International, a indústria dos óleos lubrificantes está constantemente a procurar novos ingredientes para melhorar o desempenho dos seus produtos. Para obter as certificações da NSF International, os produtores têm de prestar provas de todos os materiais utilizados e das formulações consideradas.

No que se refere à certificação dos produtos, a ISO lançou em 2006 a norma ISO 21469 (revista em 2020), que especifica os requisitos de higiene para a formulação, fabricação, uso e manuseio de lubrificantes que, durante a fabricação e processamento, podem entrar em contato acidental (por exemplo, por meio de transferência de calor, transmissão de carga, lubrificação ou proteção contra corrosão de máquinas) com produtos e embalagens utilizadas nas indústrias de alimentos. Enquanto o código H1 da NSF International é específico para a indústria alimentar, a ISO 21469 é também aplicável à indústria dos cosméticos, farmacêutica, tabaco ou ração animal. De notar que esta norma não é aplicável a produtos que entrem em contacto direto com produtos alimentares.

Para se diferenciarem, vários produtores de óleos lubrificantes já procuram obter a certificação ISO e não apenas garantir o cumprimento da H1. O responsável de vendas da Total Lubricants, Cagri Canga, afirmou que o facto destes lubrificantes terem efeito direto na saúde humana, leva a que a indústria alimentar esteja mais interessada em garantir que todas as regulamentações são cumpridas, não tomando o fator preço do lubrificante como o mais importante.

Por essa razão, Cagri Canga referiu que vários produtores estão a partilhar informação entre si, incluindo fichas de segurança dos materiais e fichas técnicas, bem como estão a disponibilizar serviços ao cliente como ferramentas para monitorização digital que permite acompanhar o desempenho, produtividade e eficiência dos óleos lubrificantes.

 

Pode saber mais sobe este assunto em:

https://www.lubesngreases.com/spotlight/spotlight-on-food-grade/

https://www.plantengineering.com/articles/food-grade-lubricants-and-their-regulation/

https://www.nsf.org/

https://www.iso.org/standard/35884.html